quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A Arte Viva do Bonsai

Ao pensar em Bonsai logo vem a mente aquelas árvores em miniatura japonesas. Não está errado pensar assim, até porque o conhecemos pelos japoneses que migraram para o Brasil, abrilhantando nossa Terra com trabalho e uma tradição que enriqueceu muito nossa cultura. No entanto, o Bonsai é uma arte milenar chinesa e vem das palavras pun-sai. A exportação da técnica para o Japão aconteceu há cerca de 500 anos.

Pun-Sai significa literalmente "Árvore no Vaso", no entanto não é qualquer árvore em vaso que pode ser chamada de Bonsai. É necessário alguns requisitos para ostentar esse status.

O primeiro requisito é a harmonia entre o recipiente e a planta. É essa harmonia que constitui o que o Bonsai é : uma réplica artística de uma árvore natural em miniatura. Podem ser trepadeiras, arbustos ou uma árvore mesmo e o recipiente pode ser um vaso (que deve ser escolhido cuidadosamente - dizem que a escolha do vaso adequado já se constitui uma arte em si) ou até mesmo uma rocha.

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Iniciando o meu Bonsai

the-best-bonsai-caring-ways Bem, eu estou iniciando-me nessa arte milenar e gostaria de falar um pouco sobre ela. Aos poucos vou postando meus trabalhos aqui no Blog e procurarei incentivar os leitores a tentar. Ao meu ver, não há nada mais filosófico que a dedicação a uma vida e o contato com a natureza.

Eu mesmo resisti muito antes de decidir e precisei ver o quanto um stress pode ser prejudicial para que eu realmente decidisse começar. Alias essa é uma história interessante, que não sei se um dia contarei nesse BLOG, pois não é um espaço, à princípio, para meus assuntos pessoais, mas posso dizer que a possibilidade da morte nos faz pensar em novas formas de se viver a vida. E uma dessas formas, para mim, foi a descoberta do que o Bonsai e a jardinagem em geral, poderiam proporcionar a alguém ansioso, hiperativo e muito agitado com eu (risos)...

Uma das coisas que ficou claro em mim, depois do nascimento de meu filho, foi a necessidade de mudar meu estilo de vida, trabalhar menos, dedicar-me mais à família e tentar realizar meus sonhos, como forma de dar-lhe um exemplo vivo de como nunca é tarde para se aprender a viver. Eu quero muito conviver com ele, trocar, interagir. E isso não se faz com palavras, faz com exemplos, com atividades em conjunto. Valores e princípios passam-se com exemplos, já dizem os psicólogos. E lá fui eu juntar o útil ao agradável, procurar minha paz, um lado mais Zen, meu equilíbrio, gerenciar minha ansiedade, e por outro lado, uma integração salutar e gratificante com meu filho, o serzinho que revolucionou minha vida...

Fui no Empório Verde, conversei longamente com o Sérgio (o proprietário) e comprei uma muda com todos os apetrechos necessários para começar a cuidar de meu Bonsai. Veja que momento único, eu e o Netinho plantando a muda...

Ao longo do tempo eu vou postando aqui a evolução disso... Espero que consiga fazer dar certo... A idéia é plantar e cuidar dele na terra (esse é o quintal no funda da minha casa) e começar a fazer as primeiras podas, dando formas a ele (que já estará em minha cabeça). Depois transferi-lo para um vaso onde poderá ser cuidado por outras pessoas ou até ser dado de presente. Imagine que legal dar um presente para uma pessoa de algo que você fez, cuidou, transformou, dedicou tempo, carinho, atenção ? Você doa um pouco de você junto. Muito filosófico isso.

O fato é que esse momento será mágico para mim e para meu filho. Conversando sobre a vida, filosofando, ou mesmo compartilhando um silêncio cúmplice no "cuidar" de nossa plantinha, simbolizaremos nela muitas coisas, como amizade, respeito, amor, afeto, ligação. Assim espero.

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domingo, 18 de novembro de 2007

Ética Filosófica

Um pequeno estudo sobre ética filosófica baseada numa frase de Hepburn para reflexão :

A prática filosófica faz exigência morais extenuantes: honestidade e equidade para com os oponentes na argumentação; uma capacidade para tolerar uma incerteza prolongada quanto a questões sérias; a força de caráter para mudar as nossas idéias quanto a crenças básicas, e para seguir a argumentação e não as nossas inclinações emocionais; independência mental em vez da disposição para seguir as modas filosóficas.” ¹

etica_trabajoNós que convivemos com pensamentos diferentes; no Orkut, na vida, na faculdade e no trabalho, seria de se esperar que ao nos expressarmos ficasse claro nossas intenções, através de uma prática que denotasse uma preocupação ética no ato de filosofar. A ética filosófica está ligada à honestidade intelectual, honestidade para com seu interlocutor e honestidade para com o conhecimento. Essa é a moral da Filosofia. Vamos analisar as proposições de Hepburn :

1. Honestidade e equidade para com os oponentes na argumentação: é argumentar usando os princípios da lógica. Não cometer falácias, sofismas, paradoxos e disparates.

No link a seguir, um ótimo artigo falando sobre argumentação, de Carlos Ceia > argumentação.

Recomendo essa leitura...

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sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Vida Feliz é Com Prazer - Epicuro

Uma vida feliz, doce e sempre digna de ser vivida é o desejo de todo ser humano razoavelmente são. Mas como conseguir tal vida se a todo instante somos acometidos por variados desejos nunca satisfeitos e aspirações frustradas pelas contingências ? Epicuro nos ensina como conseguir tal coisa...

Curiosamente, ao contrário do que muitos pensam, Epicuro não pregava o prazer pelo prazer, nem a satisfação de prazeres imediatos. Associam o Epicurismo ao Hedonismo de forma totalmente equivocada. Epicuro faz clara distinção entre prazeres inferiores e superiores, colocando-os como sensíveis e espirituais, respectivamente.

Infelizmente, como na maioria dos filósofos gregos (excetuando-se Platão e Aristóteles - convenientemente preservados pela Patrística e pela Escolástica), restaram-nos poucos escritos de Epicuro, onde temos :

> Sobre Física: Três Cartas, Quarenta Máximas, o Testamento e a Carta a Heródoto;
> Sobre os Fenômenos Celestes : Carta a Pitocles
> Sobre Ética : Carta a Meneceu.

Sua ética é poderosa e a Carta a Meneceu merece um destaque especial quando buscamos entender seus ensinamentos em relação à felicidade. Para Epicuro o prazer e a felicidade são os critérios condutores dos seres humanos e a problemática enfrentada em sua filosofia está em definir qual é o verdadeiro prazer e como maximizar o bem-estar pessoal.

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Carlos e As Mulheres

mulheres-1 Essa é uma história de desejos... Ou estória, como diria Guimarães Rosa. Desejos masculinos, bidimensionais, óbvios e prosaicos, como diriam as mulheres. Carlos era assim, como todos nós homens; óbvio e prosaico, bidimensional e masculino. Quando conhecia mulher logo a imaginava nua, reluzindo corpo numa penumbra de alcova qualquer, mostrando e escondendo desejos, deixando-o que adivinhasse o que queria, seus baratos e afins, o que a fazia sentir-se mulher. Para ele, talvez nem importasse o quanto fosse bonita ou feia, gorda, magra, dentuça ou sorriso de sol poente... Para Carlos, o importante era a "mulher" na concepção mais pura da palavra, com seus jogos, esgueirando-se em felinos olhares de musa...

Mas não pensem que Carlos era um pervertido, devasso, promíscuo ou coisa que o valha. Simplesmente nele, clamava o desejo de forma sobre-humana, ou infra-humana (?), pulsando em cada poro a possibilidade de poder deliciar-se com a natureza feminina, qual Édipo, druida da Lua, Deusa-Mãe dos oprimidos...

Seu prazer passava à largo do próprio orgasmo; sua sina, qual Arjuna em Kuruksetra, resumia-se na satisfação plena das mulheres, como dever inerente à perfeição. E não havia vaidade própria dos "Dom Juans", que viam no prazer feminino a confirmação de pretensiosa arrogância, convencidos de que fossem ótimos, perfeitos. Carlos não, simplesmente seu prazer estava no espetáculo de poder presenciar uma mulher feliz, satisfeita, plena, além de orgasmos, para ver-se como verdadeira mulher, ápice da evolução... Qualquer que fosse a mulher, quando sentia-se assim; plena, mulher, seria capaz de tudo, o mundo prostrar-se-ia aos seus pés femininos, últimos como espécie a pisar na face da Mãe-Terra, reduto de tentativas e erros da vida maior, geodésicos no caminho mais curto a qualquer ponto imaginável. No fundo, e analisando Carlos e sua vida sem preconceitos, talvez ele fosse um grande feminista, isso sim...

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quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Reflexões I - Entre a Naturalidade e o Meio

jardimpublico O homem só conseguiu até hoje perpetuar-se na face da terra por ser um ser social e cooperativo. Jamais o homem encarou sozinho, individualmente, o problema de sua sobrevivência. Desde as primordiais coletas de frutos, de forma nômade, nas estepes e savanas africanas, o homem ao se ver como é, formou grupos para facilitar seu trabalho. Sua existência até nossos dias prova que, de alguma forma, o homem conseguiu resolver esse problema. Pelo menos parcialmente, já que ainda existem miséria, fome e carências das mais diversas espalhados pelo planeta.

Aí o homem se vê aqui, olha em volta e se pergunta: essa miséria, carência e fome deve ser encarada como um braço natural do processo de devir do mundo, ou nós, enquanto seres sociais, devemos nos preocupar com ele ?

Bifurca-se então a ação do homem....

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O Liberalismo

adam_smith2 A ideologia liberal foi produzida por Locke e Adam Smith para justificar um conjunto de idéias que legitimava a propriedade privada dos meios de produção e a livre iniciativa empreendedora. Os pilares "propriedade e liberdade" foram traduzidos de uma realidade que se constituiu após a dissolução da sociedade feudal e protagonizada por uma classe nova, chamada burguesa, que se avolumava na sociedade com a queda das monarquias.

Desde sua gênese, é notório que o segundo pilar "liberdade" se condicionava totalmente ao primeiro : "propriedade", já que quem era livre para fazer o que quisesse era apenas quem detinha a propriedade dos meios de produção, cabendo a quem não tinha propriedade dispor apenas de sua força de trabalho, logo sem liberdade sobre si mesmo.

Enquanto os detentores dos meios de produção flexibilizava sua propriedade para a produção do que melhor lhe conviesse, quem detinha apenas a propriedade de sua força de trabalho era obrigado a se submeter aos proprietários dos meios de produção. Esse fato é omitido do ideário liberal. Outra coisa que também o ideário liberal omite, já que é um sistema-filosófico que confirma uma ideologia e não propõe uma visão crítica, é a origem da propriedade privada da terra (o primeiro meio de produção), legitimando assim a usurpação de bens e a tomada do mesmo por meio da violência e da guerra, ao custo de vidas humanas.

Calcado na escola fisiocrata, que levava às últimas consequências o egoísmo humano como natural, o liberalismo via a divisão de classes como dado no mundo, sem questionar sua validade para o homem enquanto ser social. No ideário liberal, cada homem é livre para fazer o que quiser de sua propriedade, seja ela um bem de capital ou força de trabalho. Como corolário, prega-se que todos são iguais, omitindo-se a usurpação e vilipêndio como origem da propriedade privada.

O princípio fundamental da lei burguesa é corolário da premissa acima, de onde se depreende que "todo homem é igual perante a lei". E deveria ser, principalmente se a lei alcançasse a origem dos bens de cada homem e pudesse ser aplicada contra a usurpação e vilipêndio que origina as propriedades privadas.

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Conservadores e Liberais

Division Bell - Pink Floyd Em 3 mídias diferentes; Terra, Jornal da Ciência e Revistas Época saiu uma notícia que me fez pensar: uma pesquisa feita na Universidade de Nova York e publicada na revista Nature Neuroscience coloca em cheque a noção de que a diferença entre pensamentos liberais e conservadores advém de uma postura filosófica de vida, sugerindo que ela pode ter origem na forma como cérebro reage a certas situações.

Os pesquisadores trabalharam com um grupo de 43 voluntários que responderam a uma série de perguntas enquanto tinham seus cérebros monitorados por eletroencefalogramas. No entanto não foi levado em consideração as posturas políticas dos entrevistados, mas sim as reações de cada um em situações do dia-a-dia que envolviam decisões rápidas e mudanças.

Segundo o Dr. PHD David Amodio que coordena a equipe, as diferenças na hora de tomada de decisões estão relacionadas a um processo chamado "Monitoramento de Conflitos": um mecanismo que detecta quando uma resposta padrão não é apropriada para uma nova situação. Esse processo está relacionado com as reações do córtex cingulado anterior, mostrando variação na atividade cerebral em níveis diferentes dentro do grupo, cujos membros se declararam liberais ou conservadores. Os auto-intitulados liberais tiveram uma atividade cerebral maior na região que monitora conflitos quando confrontados com a perspectiva de mudanças, e a maioria tomou decisões que fugiam das situações de rotina, enquanto que os conservadores tiveram atividade cerebral menor na região e optaram por continuar a rotina mesmo com algum impedimento.

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terça-feira, 13 de novembro de 2007

O Sacrifício

esfoco-e-sacrificio Sacrifício vem etimologicamente de sacro-ofício. Isto é, uma atividade importante, sagrada, que deve ser venerada. Talvez por isso seja tão difícil o exercício da filosofia. É um sacrifício, onde imolamos nosso próprio ser no altar da sabedoria.

Fugir das verdades prontas para construir sua própria linha de pensamento, é um sacro-ofício. Contrapor-se ao senso comum mesmo que seja para depois confirma-lo com propriedade, requer sacrifícios extenuantes. E tudo isso para ser incompreendido, ser chamado de prepotente, soberbo, vaidoso... Diria mártir...

E aqueles, sacrificados numa propaganda enganosa, que levando ao extremo a máxima socrática decretaram a impossibilidade de alcançar a verdade absoluta, foram imolados pelo dogmatismo. Sacrificados e martirizados para renasceram na boca da modernidade, na genialidade louca de Nietzsche, no existencialismo de Sartre, na fenomenologia de Husserl. Enquanto que os sábios, que tudo sabiam, vomitavam sua sapiência nos corredores eclesiásticos, imolando outros mártires...

O sacro-ofício da dúvida sistemática desafia os saberes instituídos como verdade. Denunciam a lógica perversa do mercado, do autoritarismo, do anarquismo irresponsável, do nihilismo pós-moderno e da ganância humana. E isso requer um sacro-ofício. Uma atividade sistemática de reconstrução de valores, um revolver de conceitos, tudo fluídico, em eterno movimento dialético, uma eterna dança de Shiva.

Os pilares do universo estão postos à prova. Libertaram no sacrifício o universo como medida do homem, e imolaram-se para embrenharem-se nesse mesmo universo, conhecendo-o desde dentro. Eis o ofício mais nobre de um ser sagrado.

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Alerta - Seleção Artificial

darwin Esse artigo também é para os detratores de Darwin de plantão...
A sociedade moderna cria necessidades em nós que nos obrigam a consumir até o que nos faz mal a saúde. Um dos motivos, além da própria lógica capitalista, é a credibilidade que damos ao mecanismo de propaganda e alarmismo que a mídia nos bombardeia diariamente. Tomamos como verdade o que nos chega de informação sem qualquer criticidade, e muito do que nos chega é igual aqueles boatos de chão de fábrica que você olha na cara do peão que está dizendo e não dá o mínimo de crédito. Pelo menos deveria ser.

Hoje, a iminência de novas doenças, próprias da contemporaneidade, nos faz temerosos e ávidos pelos avanços científicos para que nos protejamos. Uma infinidade de sabonetes, cremes de mão, produtos de limpeza de cozinha e até cremes dentais estão repletos de agentes antibacterianos em seus princípios ativos. Consumimos esses produtos na certeza de que eles nos protegerão dos males que essas bactérias provocariam. No entanto acontece o oposto, e isso está previsto na Teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin publicada a 150 anos atrás. (A Origem das Espécies)

O ciclo de vida de uma bactéria é super rápido, permitindo a troca de gerações várias vezes muito antes da própria doença ser detectada. E nessas trocas de gerações, conforme prevê a Teoria da Evolução, muitas mutações de forma aleatória se dão. A ação de produtos antibacterianos a base de triclosan, fora dos padrões estabelecidos em uma análise médica séria, elimina apenas as bactérias menos resistentes e deixa terreno livre para que as bactérias mutantes e resistentes se proliferem. A ação do triclosan não faz com que somente as bactérias resistentes a ele sobreviva, mas a uma gama extensa de outros anti-bióticos (como demonstra pesquisa feita na Universidade de Colorado, comandada por Herbert Schweizer.

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Oi, amigos....

Poxa, depois de muita cobrança de amigos acabei fazendo um Blog para divulgar minhas idéias e saber a repercussão das mesmas. Espero poder atender às expectativas e contar com a participação dos amigos que lerão.

Porque um Blog ? Somos um vulcão.... As vezes adormecidos e às vezes em erupção. Hoje estou em erupção e quero partilhar as lavas incandescentes de meus pensamentos a quem possa interessar...

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