Do Blog de um colega do Orkut (leia em Investigação Filosófica) foi afirmado que qualquer justificação de P teria que trazer como conceito a impossibilidade de não-P. Esse, sem dúvida, seria o melhor dos mundos e nas ciências naturais é muito provável que encontremos inúmeros exemplos desse tipo de justificação. Inclusive penso que o falseamento popperiano traz em seu bojo esse conceito desde que Popper se virou contra o positivismo. Porém Popper foi mais prudente, pois não precisamos “provar” nem demonstrar a impossibilidade de não-P. Basta que deixemos em aberto que se não-P existe, então P é falso. Pronto, estabelecemos com isso uma verdade provisória da afirmação de P. Penso que seja um critério mais lógico e possível que o do Rodrigo Cid.
O cerne da discussão parece-me ser a questão do que torna uma afirmação uma verdade indubitável. Não uma possibilidade de verdade, mas sim uma verdade total, diria até absoluta. Mas o que dá para concordar com o que foi dito?
Infelizmente a realidade não é tão “preto no branco” assim. Tudo seria mais fácil se fosse e por “precisar” ser mais fácil para uma maior previsibilidade, o ser humano foi pródigo em determinar que o mundo fosse sim “preto no branco” (e isso aconteceu até na esfera racial). Parece que assisto apenas uma inversão do positivismo, onde sua negação traz os mesmos vícios que o tornou o que é. É um paradoxo absolutista.
Em suma, se P só pode ser justificado pela impossibilidade de não-P, em tese poderíamos dispensar as razões de P existir? Percebem as conseqüências disso? Ou seja, posso justificar qualquer sandice desde que demonstre e justifique que a não-sandice seja impossível. Soa-me estranho, confesso. Pode até ser que eu não esteja alcançando o nível de raciocínio dos membros do Blog, mas soa-me realmente estranho.