
Marx ontologiza o valor colocando como substância do mesmo, isto é, sua causa, o trabalho contido na elaboração do produto. E o tempo despendido nele é a forma capitalista de medir esse trabalho. Só enquanto mercadoria, o tempo pode ser medida do trabalho, mas apenas como método arbitrário de medição. O próprio trabalho, ou a capacidade de faze-lo, requer tempos despendidos de estudo, dedicação, treinamento, preparação e etc. Logo, cada trabalho parece ter seu próprio valor, ainda sim, atribuído arbitrariamente por um sistema de mercado que precisa de medidas padrão para comparação e equivalência de valor entre as mercadorias a serem mediadas por unidades monetárias. Isto é, existe uma consciência intencional por traz do sentido existencial do tempo como medida do trabalho.

O grande problema é que escolheu-se, arbitrariamente, uma linha de pensamento que à época de Marx era a vigente; colocando-se uma relação causal necessária à definição de um fenômeno. Curioso é notar, que após o Livro I, Marx aborda a história e a práxis de forma dialética, quando antes estabelece os postulados teóricos de suas idéias de forma ontológica.
Se Marx tivesse abordado seus postulados considerando o método dialético com que vê a história, sua noção de Valor poderia ter mudado radicalmente, e ele poderia ter dado outro rumo às idéias fisiocratas de Adam Smith e David Ricardo. Se seus pressupostos ontológicos do Valor levassem em consideração a dialética existencial entre a própria faticidade e àquilo que lhe dá essência e sentido, ele poderia chegar à conclusão de que o Valor de um produto não é dado ontologicamente pelo trabalho nele contido, nem qualquer outra coisa que fosse suficiente para substancializa-lo, mas em sua própria dialética existencial qualitativa (ligadas à sua necessidade, desejos e afetos que desperta ou satisfaz) e quantitativa (ligada ao equilíbrio entre a quantidade demanda e a disponível). Isso deslocaria toda a lógica da Teoria Marxista.

Porém, se a história é dialética e é dada pela luta por hegemonia de classes antagônicas no seio das sociedades, a própria concepção da dinâmica da história na teoria marxista já legitimaria a revolução. Talvez o grande entrave para essa idéia sem a sustentação argumentativa da Teoria do Valor, seja a episteme da civilidade preconizada no seio europeu à época. Fica aqui a dúvida se a Teoria do Valor, a meu ver com alguns problemas conceituais aqui apontados, teve em sua gênese essa intenção, ou se essa intenção foi um sentido a posteriori construído pelas próprias conseqüências lógicas da teoria.
6 comentários:
Marx tentou, mas não entendeu nada... rsrsrs
Muito bom o seu blog. Já estou acopanhando.
Grande abraço.
Mas então,
O que estou proponto é justamente o contrário disso que você afirma ter visto em meus textos: Separação clara sujeito e objeto à moda cartesiana. Realidade enquanto percepção de sentidos em perfeitas condições. Realidade em oposição clara e distinta com a Fantasia.
Digo lá que é comum pensarmos assim. Mas, o que proponho é justamente que questionemos o modo comum de pensar.
Abraços,
Diogo
Tomei a liberdade de indicar seu blog em uma corrente do bem de blogueiros. Funciona assim: Deixei um prêmio para você no meu blog,o Prêmio 6 coisas, 6 links. Recebi. É uma rede por meio de um meme, basta conferir lá e seguir as regras.
Abraço!
Oi... tomei gosto por blogs... criei outro com uma proposta diferente! Me visite e seja autor tambem!
http://muito-bem-obrigada.blogspot.com/
Boa noite, amigo!
Independente de teoria, importante é saber se o trabalho tem trazido ao homem 'felicidade', meta natural existencial.
Boa semana!
Grata por acompanhar meu blog. Já estou acompanhando o Porthal.
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