terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Ano de Darwin – uma pequena contribuição...

O ano para mim chegou atrasado. Estou desde dezembro, praticamente, sem postar no Blog e peço desculpas a quem acompanha. O que pretendo esse ano é publicar bem mais, e me dedicar a formatar uma visão mais ampla com desdobramentos filosóficos da Teoria da Evolução de Darwin, além é claro de dar continuidade a meus artigos e ensaios sobre filosofia em geral.

Longe de mim, porém, será tentar rivalizar em meus parcos conhecimentos de genética ou mesmo de biologia com Blogs tão bem feitos por especialistas como Você que é Biólogo, Antepassados Esquecidos, Marco Evolutivo, Discutindo Ecologia, Rerum Natura e tantos outros que embora não mencionados diretamente abrilhantam a blogosfera científica levando conhecimento a muita gente, apesar dos detratores de plantão.

Minha intenção também é divulgar, ajudando os que tanto lutam contra o obscurantismo do conhecimento. Mas pretendo também na medida do possível tratar de temas, a partir da Teoria da Evolução, que possam nos remeter a uma reflexão filosófica mais do que científica (já que não é, especificamente, minha área).

Esse ano comemora-se 200 anos do nascimento de Darwin e, conjuntamente, 150 anos da publicação de a Origem das Espécies. Minha pretensão esse ano é entender e traçar um panorama antropológico e sociológico dos motivos que levam tanta gente ainda a resistirem em aceitar a Teoria da Evolução de Darwin.

Darwin formou-se em teologia em Cambridge e se não fosse talvez sua falta de vocação em falar em público talvez tivesse seu destino como um presbítero, embora desde cedo se dedicasse a atividades introspectivas colecionando besouros e estudando compulsivamente geologia e história natural.

Entender como um homem de formação religiosa rígida em plena época vitoriana inglesa do fim do século XIX pode manter-se fenomenologicamente distante de preconceitos para deixar com que a natureza se mostrasse em sua essência, é percorrer toda a história do pensamento humano buscando epistemologicamente o que fundamenta nossa capacidade e disposição na perscrutação do mundo.

Hoje, em pleno século XXI assistimos estupefatos uma crescente onda de ojeriza a uma Teoria Científica que tem se mostrado consistente ao longo de 150 anos, sendo corroborada não só através do que Darwin já previa, como também através de conhecimentos que ele nem imaginava em sua época, como análises genéticas.

Pretendo esse ano investigar, analisar e opinar justificadamente sobre esses temas e tentar entender ou construir conjuntamente um entendimento que nos dê a verdadeira dimensão do temor que cerca a aceitação dessa teoria. A sensação que tenho é que muito das coisas que insistem em dizer para tentar refuta-la se baseia em algo muito mais profundo do que os argumentos apresentados. Essa sensação se dá pela inepta construção de argumentos falaciosos que tentam jogar ao senso-comum com vista em desacreditar não só a Teoria da Evolução como a própria ciência.

O que estaria por traz desses argumentos? O caminho proposto é analisa-los naquilo que eles deturpam numa visão imparcial das coisas e descortinar a verdadeira intenção daqueles que obscurecem um conhecimento sólido sem, contudo, oferecer uma alternativa que faça parte do campo epistemológico científico.

Desde o julgamento de Dover em Pensilvânia (EUA) em 2004 revelou-se ao mundo a verdadeira intenção por traz da chamada “Teoria” do Design Inteligente. Ao estudarmos o que houve em todo processo, começamos a perceber onde o fundamentalismo religioso pode chegar: ao requinte de crueldade de contradizer a si mesmo em sua pretensão ética para alcançar seus objetivos. Mostrar isso não é um incentivo para que as pessoas percam sua fé, mas um alerta sério e importante para que as pessoas pensem até que ponto os dogmas irracionais que tomam como verdade tem o poder de subverter a própria noção ética que sua fé lhe indica e prescreve.

É espantoso, por certo, que ao invés de construírem argumentos suficientes para serem ouvidos pelo que sua “Teoria” prediz de fatos concretos que possam ser submetidos aos critérios de falseabilidade, preferem obscurecer o que supostamente trariam de conhecimento para tentar denegrir a Teoria da Evolução através de invenções, interpretações equivocadas e clara má intencionalidade em deturpações que só fazem sentido a um grupo de pessoas inocentes e manipuláveis, das quais os sustentam e repercutem suas idéias estapafúrdias.

O preconceito irracional que as idéias de Darwin trazem só se justifica por uma interpretação literal das escrituras. Mas ninguém consegue justificar razoavelmente que devamos interpretar qualquer escritura religiosa de forma literal, transformando toda essa discussão em mero falso desacordo, muitas vezes até retórico, cercado, por certo, de má intencionalidade. Essa intencionalidade duvidosa não se restringe apenas aos religiosos, embora eles sejam muito mais ferozes e radicais que os ateus, mas também o ateísmo dá um “salto” na leitura da Teoria para tentar fundamentar suas próprias idéias.

Bem, o primeiro passo nessa jornada que me proponho esse ano é deixar aqui um vídeo onde simboliza bem os argumentos entre os dois posicionamentos em relação à Teoria da Evolução. Não quero com isso fazer uma discussão sobre teísmo x ateísmo. Não é esse o intuito. A discussão aqui é entre a aceitação ou não da Teoria da Evolução de Darwin, e os motivos que levam as pessoas a não aceita-la.

Após o vídeo, em artigos futuros, falaremos sobre o que é um Fato, o que é uma Teoria, o que é uma Teoria Científica e o que é a Evolução como Fato e Teoria. Ao longo do ano tentaremos analisar as mais freqüentes dúvidas e falsos desacordos levantados pelo lado detrator, e desdobrar os conceitos da Teoria e seus contrapontos em suas conseqüências filosóficas. Questões como acaso, aleatoriedade ou suposta intencionalidade, pressão ambiental, adaptação direcionada e finalismos serão abordadas tanto pelo lado científico (corroborado por fatos observáveis), quanto pelo lado especulativo (racional e lógico).

Fiquem abaixo com os vídeos do Julgamento de Dover e por favor, comentem, participem, pois seus comentários serão o termômetros das novas abordagens.






Os vídeos restantes estão nos seguintes links:

Parte 02: Design Inteligente x Evolução 02
Parte 03: Design Inteligente x Evolução 03
Parte 04: Design Inteligente x Evolução 04
Parte 05: Design Inteligente x Evolução 05
Parte 06: Design Inteligente x Evolução 06
Parte 07: Design Inteligente x Evolução 07
Parte 08: Design Inteligente x Evolução 08
Parte 09: Design Inteligente x Evolução 09
Parte 10: Design Inteligente x Evolução 10
Parte 11: Design Inteligente x Evolução 11
Parte 12: Design Inteligente x Evolução 12

2 comentários:

PensarFalar disse...

Obrigada pela aula!

Lígia Guedes disse...

Bom dia!

"A árvore é tão da terra quanto o sonho é da carne que o gera."
(Gilka Machado)

Excelente semana, assim como o excelente artigo aqui disponibilizado!

Postar um comentário

Aqui você terá o direito de opinar, comentar, fazer uma crítida, dar uma sugestão ou escrever o que você quiser, desde que mantenha um nível de civilidade e não ofenda ao autor ou a outro comentarista. Os comentários serão respondidos aqui mesmo... Obrigado pela visita...