segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O Olhar em Merleau-Ponty

livro-visiveleinvisivel(...) o próprio olhar é incorporação do vidente no visível, busca dele  próprio, que lá ESTÁ, no visível – é que o visível do mundo não é invólucro do QUALE, mas aquilo que está entre os QUALE, tecido conjuntivo de horizontes exteriores e interiores – é como carne oferecida à carne que o visível possui a “adseidade” (aséité), e que é meu.” (MERLEAU-PONTY 2007, Nota de rodapé da página 128.)

Eu fiquei muito impressionado com esse trecho do livro que estou lendo (O Visível e o Invisível de Merleau-Ponty): a carnalidade ou a própria carne como “adseidade”. Para quem não sabe sobre esse termo, atribuído a uma das características de Deus, define a propriedade do existente por si e para si. Não significa causa de si mesmo, mas antes, incausado e suportado na própria existência de si.

Imaginar ou conceber que entre nós e o mundo, entre o mundo e nós, e entre nós mesmos, exista essa “adseidade” (própria de nossa carnalidade) é de uma espantosa ousadia explicativa; faz-nos quedarmos diante de tantas lacunas até então nem resvaladas por tantas teorias e concepções filosóficas que a história e a tradição nos legaram.

flight É preciso que entendamos o que Merleau-Ponty entende por Carne em sua Filosofia. Carne, para Merleau-Ponty não é matéria, nem espírito, nem substância. É Elemento. Carne, nesse sentido pontyano se equivale à arché pré-socrática; aquele elemento primordial qualitativo pelo qual as coisas se originam e se constituem.

No mesmo caminho em que, por exemplo, Tales aludiu esse elemento primordial a partir da Água, Anaximandro aludiu ao Apeíron (como movimento de pares de opostos), Anaxímenes ao Ar e assim por diante, para Merleau-Ponty a Physis (que constitui o Visível e o Invisível), tem como seu elemento primordial a Carne como tecido constitutivo de tudo que há enquanto mundo: espiritualmente e materialmente.

Vale citar Moutinho para entendermos melhor essa questão:

Ter um corpo é ter uma ciência implícita, sedimentada, do mundo em geral, e de que uma coisa é apenas "uma das concreções possíveis". Essa montagem universal não se confunde com um conjunto de condições de possibilidade, à maneira kantiana, pela simples razão de que aqui "o mundo tem sua unidade sem que o espírito tenha chegado a ligar suas facetas entre si e integrá-las na concepção de um geometral" (MOUTINHO, 2004)

A tradição homérica e hesiódica em contraposição a uma nova tendência delineada no sec.. VI e V a.C. (a partir da popularização do Orfismo e do Pitagorismo), mudaram a forma de ver o mundo, a realidade e o homem: de um sentido horizontal e contingente para um sentido vertical e teleológico[i].

A busca e a concepção de que exista um elemento constitutivo único na Physis pelo qual as coisas se dão em co-participação ou co-pertencimento, é o desdobramento lógico de um mundo que é Caos e se faz Cosmos a partir da ação do Espírito Humano; pela ideação de um Sujeito vidente e visível, expectador e ator.

Physis é Matéria e Espírito. Eles são sua condição de possibilidade e imbricamento na constituição da realidade que é tanto Sentido (Forma ou Idéia), quanto Matéria (realidade física). Por isso Tales nos diz que as coisas estão cheias de deuses; é pura vida e sentido dado pelo espírito humano em sua mundianidade, em sua existência.

Desde os órficos e Pitágoras, a cosmologia grega inicia a tendência a uma inversão (havendo especulação de que a influência oriental é marcante nisso) para uma Unidade que se degeneraria na multiplicidade. Essa inversão é incompatível a uma indiferenciação que se distingue a partir do pino, conforme a tradição micência nos lega.

Muito mais do que uma guinada ética e antropológica na Filosofia (como nos diz a historiografia oficial), a guinada sob influência do orfismo foi cosmológica e cumpre interesses específicos, defenestrando da posteridade tudo o que se oporia à hierarquização, ao centro de comando e à categorização do mundo segundo esses objetivos ulteriores tomados como pressupostos da própria existência.

 

Um regate pré-socrático? 

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O olhar e todos os sentidos físicos e espirituais (como intelecto, percepção, compreensão), trazem como fundamento de sua objetividade a mundianidade sustentada pela Carne. A Carne em Merleau-Ponty é a constituinte da Physis; a condição de possibilidade da intersubjetividade como elemento constituinte da objetividade possível.

Antes da instituição da dicotomia hierarquizada do platonismo, os pré-socráticos sabiam bem sobre esse monismo que constitui a realidade. A Physis é tanto realidade física, material, quanto realidade espiritual, ideal. E é assim, pois, ao mesmo tempo em que essa Physis se multiplica quando se repete nas coisas materiais, ela se repete sem se multiplicar nas coisas espirituais.

Chamemos Husserl para ilustrar essa consideração. Em Lógica Formal e Lógica Transcendental ele nos diz:

A realidade física é aquela cuja repetição a multiplica; por exemplo, os exemplares de um livro se empilham num deposito ou se enfileiram numa biblioteca. A realidade espiritual ou ideal é aquela cuja repetição não a multiplica; por exemplo, um romance permanece um só e mesmo romance, qualquer que seja o número de edições que teve e qualquer que seja o número de exemplares que cada edição comporte.” (HUSSERL 1997, p. 275)

A Physis (a realidade) é composta, portanto, de um movimento complexo da ação do Espírito que leva Cosmos ao Caos, diferenciando a matéria de acordo com sua intencionalidade e organizando o visível. Num mundo cujo tempo é cíclico e marcado pela tragédia constituída pelo mistério insondável do objeto em si mesmo, todo absolutismo é impensável, restando apenas tentativas sucessivas heróicas de afirmação da vida como modo de enfrentamento do que jamais teremos controle.

Em meio à repetição da singularidade apreender o que não se multiplica com ela, é controlar a realidade e dispo-la a nosso favor para dentro do que almejamos. Esse movimento é detectável desde as esparsas e mitológicas explicações sobre o mundo e os homens, na Ilha de Creta e na antiga Micenas. Com Homero temos a primeira tentativa de apreensão racional dessa realidade sujeita à Moîra (o Destino como co-pertencimento complexo). Começa-se, aí, o primeiro impulso racional de organizar a singularidade e o particular para conceitos universais que darão visibilidade a um invisível intencional.

cosmos Curiosamente é da Jônia (assim como a própria filosofia) que surgem as epopéias homéricas; região situada na Ásia Menor e que tem seu apogeu ligado ao intenso intercâmbio cultural que mantinha com outros povos (PESSANHA 1996, p. 11). Poderíamos situar em Hesíodo uma transição interessante entre a primeira tentativa de organização do Caos rumo ao Cosmos grego e a primeira sistematização do pensamento filosófico-científico, mesmo que ele se origine no continente.

Em Hesíodo acontece algo emblemático. Homero, compilador lendário de várias histórias míticas em suas epopéias se diz simples veículo das Musas, ao passo que Hesíodo, segundo Werner Jaeger, “assina” a sua obra trazendo pela primeira vez o subjetivo à literatura (PESSANHA 1996, idem). Em Hesíodo não eram as Musas que falavam através dele, mas apenas o inspiravam. É ele que fala e conta sua história. Surge o sujeito na narrativa.

No século VI a.C. pululam na Jônia as primeiras formulações filosóficas e científicas; em Mileto, Samos e Éfeso. Nesses pensadores há um Sujeito que pensa e abstrai da realidade física, multiforme e indiferenciada, os princípios e categorias pelas quais o mundo pode ser organizado e apreendido.

Há, na busca desse elemento primordial, a busca da propriedade comum a toda realidade como princípio e constituição. Ali, ápice da racionalidade subjetiva, encontram-se sintetizados os esforços homéricos e hesiódicos por um nexo causal entre os eventos da realidade. É a mais pura ação espiritual de organização do Caos em Cosmos. É a ação direta do Espírito, agora Sujeito, na “cosmização” do mundo.

Heraclito

Como nos fala Vlastos[ii], a preocupação grega nem de longe se restringia apenas em organizar ou classificar a realidade com vistas ao atendimento pragmático de seus fins. Como nos mostra etimologicamente a palavra Kosmo, a preocupação centrava-se na harmonia e na beleza: o decantado Bom, Belo e Justo platônico. Bom porque Útil, Belo porque agradável e Justo porque é de quem por direito usufruir. Eis o princípio da harmonia em que até hoje nos leva a procurar unir o útil ao agradável com justiça.

Vlastos, porém, cai na armadilha platônica e de toda tradição protagonista da virada cosmológica para reduzir os pré-socráticos a meros physiologos – no sentido materialista do termo – mesmo tendo citado o fragmentos de Heráclito que mostram que a Physis, para os Jônios, era muito mais do que simplesmente matéria, mas sim sentido, forma e matéria:

Este cosmos, o mesmo para todos, nenhum deus ou humano o fez, mas foi, é e será para sempre: um fogo constantemente ardendo, acendendo-se de acordo com as medidas e sendo extinto de acordo com as medidas” – Heráclito, Fragmento B30 apud in (VLASTOS 1987, p. 12)

E ainda:

Para aqueles que estão despertos o cosmos é uno e comum. Mas aqueles que estão adormecidos desviam-se cada um para seu cosmos particular” – Heráclito, Fragmento B89 apud in (VLASTOS 1987, p. 14)

O fogo, como qualidade encerrada nos interstícios dos QUALE, ou seja, realidade em sua totalidade, empresta propriedades constitutivas que explicam boa parte do que podemos observar em nossa relação com o mundo e com nós mesmos. A busca desse elemento é muito mais do que supor uma explicação mecânica para a realidade ou mesmo ater-se apenas a princípios mecânicos constitutivos como nos fizeram crer a historiografia oficial. Não se trata apenas de um impulso à ciência que herda o princípio de causalidade para explicar o mundo material, mas encerra conceitos e percepções explicativas de toda ciência natural e espiritual, marcando o caminho traçado do Caos ao Cosmos criado espiritualmente por um Sujeito histórico.

Esse Sujeito Histórico jônico, deturpado como neófito na história, traz a intersubjetividade que somente o final do sec. XIX começaria a voltar em cena na história do pensamento humano.

 

Esmiuçando a Frase de Merleau-Ponty

"o próprio olhar é incorporação do vidente no visível, busca dele próprio, que lá ESTÁ no visível"

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Penso que aqui ele faça alusão, já, de seu conceito de que seríamos co-pertencentes a uma mesma realidade que independe de nós, de sentidos, das coisas e de determinações. Quando olhamos o mundo procuramos nos identificar nele, pois estamos, claro, contidos nele.

Quando, estatelados, percebemos que bem pouco da realidade nos precipita ao entendimento (mesmo, inclusive, através da ciência); percebemos, com isso, o quanto Protágoras estava certo quando disse que "O Homem é a medida de todas as coisas". Ou seja, nos procuramos onde olhamos e olhamos a partir de nossas medidas.

Nossa estrutura cognitiva organiza o mundo a partir de nós e de nossos interesses, vinculados ao que Habermas diz quando fala: “é real aquilo que pode ser experimentado de acordo com a interpretação de uma simbólica vigente” – (HABERMAS 1982, p. 215) – essa simbólica é constituída a partir da instrumentalização desse olhar para atender nossas necessidades.

E o que fazemos? Rotulamos essa percepção como sendo a Natureza do Mundo, e nos vemos como seres privilegiados que conseguem captar a essência do objeto. Só que na verdade estamos projetando nossa própria essência nele e transcendendo-o naquilo que "precisamos" que ele seja para se tornar inteligível.

Mas, junto a esse olhar, de certo, há também uma percepção original, primária, da própria comunidade que temos com as coisas. Ou seja, somos afins com o mundo, somos o mundo e constituímos o mundo. A razão nos aparta dele e o interpreta, nos fazendo esquecer de nossa afinidade natural com ele; tomamos as águas do Lethe no Hades (in Fedro, Platão).

Outros mitos dão conta disso desde o roubo do fogo dos deuses doado aos homens por Prometeu, assim como a suculenta mordida da fruta da Árvore do Conhecimento no Paraíso. A perspectiva de que o homem cai em geração após isso é sintomática da percepção que, a partir daí, teremos sempre que reconstruir nossas interpretações.

Será que um Olhar destituído do aspecto judicativo e da intencionalidade seqüestrada pela “simbólica vigente” nos restituiria dessa contemplação da natureza afim das coisas conosco? Vejamos...

Merleau-Ponty explicaria essa idéia na continuação da frase:

é que o visível do mundo não é invólucro do QUALE, mas aquilo que está entre os QUALE, tecido conjuntivo de horizontes exteriores e interiores

Isso chega ser até poético, embora esteja dentro de um livro de Filosofia. Impressiona-me esse dizer não tecnicista. Pudera, quem já leu as analises pontyanas das obras de Cézanne e do impressionismo em geral que ele faz, sabe de sua extrema sensibilidade em unir arte e filosofia de forma totalmente inteligível sem recorrer a um pensamento estritamente formal.

CEZZANE SEM LINHAS

Permitir-se a um pensar e a um dizer não formal ou estrito, não significa faltar ao rigor do pensamento conseqüente, nem tampouco entregar-se a incoerências e contradições, claro. É preciso, sobretudo, entender e compreender, dentro do contexto da obra, o significado de alguns termos utilizados por Merleau-Ponty.

Termos como Quale, Quiasma, Adseidade e outros, precisam estar contextualizados em seus conceitos para que a leitura não se trave. Se pudermos contribuir para isso, o esplendor do texto se abre de forma estarrecedora.

Na frase em destaque Merleau-Ponty usa o termo QUALE. Penso que devamos esmiuçá-lo para um entendimento melhor do que ele quer nos trazer.

QUALE é um termo latino singular de QUALIA que se reporta às qualidades subjetivas das experiências mentais. A Filosofia da Mente, contemporaneamente, apropriou-se desse termo e o usa como referência ao aspecto qualitativo das nossas experiências. Mas não é tão simples assim... Tentemos entender melhor.

Segundo a Stanford Encyclopedia of Philosophy:

Feelings and experiences vary widely. For example, I run my fingers over sandpaper, smell a skunk, feel a sharp pain in my finger, seem to see bright purple, become extremely angry. In each of these cases, I am the subject of a mental state with a very distinctive subjective character. There is something it is like for me to undergo each state, some phenomenology that it has. Philosophers often use the term ‘qualia’ (singular ‘quale’) to refer to the introspectively accessible, phenomenal aspects of our mental lives. In this standard, broad sense of the term, it is difficult to deny that there are qualia. Disagreement typically centers on which mental states have qualia, whether qualia are intrinsic qualities of their bearers, and how qualia relate to the physical world both inside and outside the head. The status of qualia is hotly debated in philosophy largely because it is central to a proper understanding of the nature of consciousness. Qualia are at the very heart of the mind-body problem.” (Tye 2007)

Ou seja, correr os dedos em uma lixa, cheirar um fedor, sentir um corte no dedo ou ver uma cor púrpura são experiências qualitativas subjetivas que denotam a existência de Qualia perceptivo a partir dos objetos pelos quais essas experiências se dão.

Aqui se abre toda uma controvérsia a respeito da percepção; tema central da principal obra de Merleau-Ponty (Fenomenologia da Percepção).

522px-Qualia_of_colour Esses Qualia existem nos objetos ou fazem parte de nosso aparato cognitivo? Se são somente a forma como “experienciamos” as coisas, quem poderia nos garantir que os Qualia sejam da mesma forma para todos? É aquela velha história: o vermelho que vejo é o mesmo vermelho que você vê?

É claro a nós, que fenomenicamente esses Qualia existem nos objetos, mas essa “clareza” se desfaz quando aventamos a óbvia possibilidade de cada um de nós poder sentir de uma forma e sintetiza-la apenas nominalmente, pela linguagem e valores. É até possível, conforme nos diz Wittgeinstein, que a única coisa que una esses Qualia seja a linguagem: o famoso argumento do besouro na caixa (WITTGENSTEIN 1994, §293).

E qual o posicionamento de Merleau-Ponty em relação a isso? É que o que vemos não é invólucro do QUALE. E nem tampouco algo que subsista por si só. E ao não se encerrar apenas em nossa experiência subjetiva, nem subsistir em si mesmo é intersubjetivo. O que vemos é o invólucro daquilo que está nos interstícios dos Qualia, ou seja, o QUIASMA, o entrelaçamento. Mas não é um interstício que apenas dá contigüidade, mas sim, como diz Ponty, é “tecido conjuntivo de horizontes exteriores e interiores”, por isso o termo Quiasma.

Para Merleau-Ponty só pode haver vidente e visível com o estatuto do QUIASMA. Pois senão:

(...) a visão sumiria no momento de formar-se, com o desaparecimento ou do vidente ou do visível.” (MERLEAU-PONTY 2007, p. 128)

philo-merleau-ponty Esse argumento é poderoso, pois se apreendemos o objeto totalmente naquilo que ele é em si, ao vê-lo não mais existimos, só existe o objeto, e negamos o Quale. Se afirmarmos somente o Quale como no argumento do besouro de Wittgeinstein, eliminamos o objeto e só existe o sujeito, caímos no subjetivismo radical e na realidade construída não intersubjetivamente, mas pela linguagem.

QUIASMA, só para deixar claro, é um termo originalmente da genética em que designa uma estrutura em forma de “X”, formada por superposição de cromátides de cromossomos homólogos durante a meiose em um processo de permuta. O termo, arregimentado por seu sentido, cai como uma luva ao conceito que Merleau-Ponty cunha para explicar esse “tecido conjuntivo de horizontes”.

E por fim,

(...) é como carne oferecida à carne que o visível possui a “adseidade” (aséité), e que é meu.”

Aqui então temos outro termo, de origem escolástica, usado para explicar a natureza de Deus: aquele que subsiste por si e para si, causa de si mesmo e para si próprio. A Adseidade é essa propriedade de ser causa de si mesmo, de não ter motivo ou causa ulterior, sentido ou fundamento fora de si. É o SER. É o Em SI que tem significado por Si. É um termo usado por Santo Anselmo e Spinoza, mas Schopenhauer o usa para falar da Vontade.

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Essa carnalidade, QUIASMA que liga os interstícios de todos os horizontes, Quale e coisa, arché da realidade, constitui o olhar que constrói e é construído e que torna possível e real o vidente e visível, pois o vidente busca a si próprio no visível e encontra aquilo que lhe alimenta o Quale do que vê.

A levarmos tudo isso em consideração, a decorrência desse pensamento lança a pedra angular da ciência cognitiva, da Filosofia da Mente e da própria neurociências. Um realismo que não defenestra a subjetividade, mas antes à explica, assim como um subjetivismo atrelado à realidade.

Procurarmos no EM SI esse contato profundo com nossa raiz intersubjetiva de co-pertencimento à realidade é nos fundarmos organicamente ao mundo e compreende-lo a partir de nós sem os idealismos que nos trouxeram a uma situação de semi-barbárie. É encontrarmos o arcabouço constitutivo das condições de possibilidade do homem emancipar-se sem trair sua natureza e construir uma sociedade mais justa para si e para o planeta. Basta o OLHAR…

 

Referências Bibliográficas

HABERMAS, Jürgen. Conhecimento e Interesse. Tradução: José N. Heck. Rio de Janeiro, RJ: Zahar Editores, 1982.

HUSSERL, Edmund. “Idealidade da Linguagem.” In: Filósofos Através dos Textos - De Platão A Sartre, por Grupo de Professores, tradução: Constança Terezinha M. Cesar, 275-278. São Paulo, SP: Paullus, 1997.

MERLEAU-PONTY, Maurice. O Visível e o Invisível. Tradução: Jose´Artur Gianotti e Armando Mora d´Oliveira. São Paulo, SP: Perspectiva, 2007.

Moutinho, L. (2004). O sensível e o inteligível: Merleau-Ponty e o problema da racionalidade Kriterion: Revista de Filosofia, 45 (110), 264-293 DOI: 10.1590/S0100-512X2004000200005

PESSANHA, José Américo Motta (Consultoria). Os Pré-Socráticos - Vida e Obra. Edição: Victor Civita. São Paulo, SP: Editora Nova Cultural Ltda., 1996.

Tye, Michael. “Verbete Qualia.” Stanford Encyclopedia of Philosophy. Edição: Edward N. Zalta. Stanford University. 31 de Julho de 2007. http://plato.stanford.edu/entries/qualia/ (acesso em 01 de Dezembro de 2009).

VLASTOS, Gregory. O Universo de Platão. Brasilia, DF: Editora UnB, 1987.

WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.


[i] Uma análise mais profunda sobre essa temática encontra-se em meus trabalhos: O Orfismo e a Filosofia e O Tempo na Religião, que oportunamente serão publicados.

[ii] Segundo Vlastos, Kosmo não é apenas o sentido ordenador, mas também ornamental. Ele nos diz:

Há um nítido componente estético aqui que leva a um uso derivado de ‘Cosmos’, significando não ordem como tal, mas ornamentar, ornamento; isto sobrevive no derivado inglês ‘cosmetic’ [em português também – NA], que, pode-se dizer, ninguém sem conhecimento de grego reconheceria como aparentado de perto com cósmico. Em grego a afinidade com o sentido primário é perspícua, já que Cosmos denota ordem criada, composta, realçadora de beleza. Ora, para os gregos o sentido moral se funde com o estético.” (VLASTOS 1987, Capítulo I - Os Gregos Descobrem o Cosmos, p. 11)

1 comentários:

Ezequiel Martins Paz disse...

Miranda, muito bom texto. E obrigado por sua visita e comentários em meu Blog.
Abraços
Ezequiel

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