terça-feira, 13 de novembro de 2007

O Sacrifício

esfoco-e-sacrificio Sacrifício vem etimologicamente de sacro-ofício. Isto é, uma atividade importante, sagrada, que deve ser venerada. Talvez por isso seja tão difícil o exercício da filosofia. É um sacrifício, onde imolamos nosso próprio ser no altar da sabedoria.

Fugir das verdades prontas para construir sua própria linha de pensamento, é um sacro-ofício. Contrapor-se ao senso comum mesmo que seja para depois confirma-lo com propriedade, requer sacrifícios extenuantes. E tudo isso para ser incompreendido, ser chamado de prepotente, soberbo, vaidoso... Diria mártir...

E aqueles, sacrificados numa propaganda enganosa, que levando ao extremo a máxima socrática decretaram a impossibilidade de alcançar a verdade absoluta, foram imolados pelo dogmatismo. Sacrificados e martirizados para renasceram na boca da modernidade, na genialidade louca de Nietzsche, no existencialismo de Sartre, na fenomenologia de Husserl. Enquanto que os sábios, que tudo sabiam, vomitavam sua sapiência nos corredores eclesiásticos, imolando outros mártires...

O sacro-ofício da dúvida sistemática desafia os saberes instituídos como verdade. Denunciam a lógica perversa do mercado, do autoritarismo, do anarquismo irresponsável, do nihilismo pós-moderno e da ganância humana. E isso requer um sacro-ofício. Uma atividade sistemática de reconstrução de valores, um revolver de conceitos, tudo fluídico, em eterno movimento dialético, uma eterna dança de Shiva.

Os pilares do universo estão postos à prova. Libertaram no sacrifício o universo como medida do homem, e imolaram-se para embrenharem-se nesse mesmo universo, conhecendo-o desde dentro. Eis o ofício mais nobre de um ser sagrado.

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