quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Reflexões I - Entre a Naturalidade e o Meio

jardimpublico O homem só conseguiu até hoje perpetuar-se na face da terra por ser um ser social e cooperativo. Jamais o homem encarou sozinho, individualmente, o problema de sua sobrevivência. Desde as primordiais coletas de frutos, de forma nômade, nas estepes e savanas africanas, o homem ao se ver como é, formou grupos para facilitar seu trabalho. Sua existência até nossos dias prova que, de alguma forma, o homem conseguiu resolver esse problema. Pelo menos parcialmente, já que ainda existem miséria, fome e carências das mais diversas espalhados pelo planeta.

Aí o homem se vê aqui, olha em volta e se pergunta: essa miséria, carência e fome deve ser encarada como um braço natural do processo de devir do mundo, ou nós, enquanto seres sociais, devemos nos preocupar com ele ?

Bifurca-se então a ação do homem....

Aqueles que acham que tudo isso faz parte do devir (estando ele abastado ou carente) terá como dado os fatos, e nada fará para modifica-los. Esse homem se insere num sistema cujas características primordiais estão calcadas no Laissez-Fair, isto é, deixe estar, as coisas são assim porque são... Com isso torna-se joguete das circunstâncias, criam-se necessidades nele, moldam-no para que o sistema sobreviva às suas custas e ele cumpre esse papel eficientemente. Por ser um homem, e ter o intelecto ao seu favor, faz digressões para justificar internamente razões que o levem a ser assim. E como encontra ecos naturais para sua atitude, assume como certo, assume como consequência natural esse determinismo que na verdade não é dele, e sim de um sistema, artificial por definição, mas que tem suas características calcadas numa pantomima da natureza.

Se ao menos pudesse conservar o respeito e a simbiose dos animais para com o meio ambiente, essa atitude não seria tão catastrófica. Mas não... A pantomima está justamente numa imitação gestual que subverte a essência do imitado : ao mesmo tempo que imita uma naturalidade aparente entre poderosos e comandados, depreda e esgota os recursos do planeta, coisa anti-natural e decretadora de nosso possível fim.

Se tivermos que imitar a natureza para nos sentirmos legitimados em nossas ações, que seja então imitado o respeito e a simbiose que os animais tem em relação a ela. Guardemos nossa capacidade de subverter a naturalidade estabelecendo novos paradigmas para as relações humanas, preocupando-nos com o próximo, minimizando sistematicamente a miséria, a exclusão social e a fome do mundo... Por que não ? As coisas seriam as mesmas, apenas se invertendo a pantomima, isto é; o que se imita do que se subverte.

Aqueles que acham que o homem pode ser sujeito de sua história e mudar paradigmas de acordo com idéias de coletividade, se vêem de mãos atadas por uma sórdida ação devastadora de um sistema que não tem escrúpulos para manter-se vivo. E isso revolta os radicais, cria embates, cria desavenças e faz perder o sentido mais puro e nobre de uma luta que não é individual, e sim por todos nós...

1 comentários:

Anonymous disse...

O homem pode reverter tudo.

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