domingo, 18 de novembro de 2007

Ética Filosófica

Um pequeno estudo sobre ética filosófica baseada numa frase de Hepburn para reflexão :

A prática filosófica faz exigência morais extenuantes: honestidade e equidade para com os oponentes na argumentação; uma capacidade para tolerar uma incerteza prolongada quanto a questões sérias; a força de caráter para mudar as nossas idéias quanto a crenças básicas, e para seguir a argumentação e não as nossas inclinações emocionais; independência mental em vez da disposição para seguir as modas filosóficas.” ¹

etica_trabajoNós que convivemos com pensamentos diferentes; no Orkut, na vida, na faculdade e no trabalho, seria de se esperar que ao nos expressarmos ficasse claro nossas intenções, através de uma prática que denotasse uma preocupação ética no ato de filosofar. A ética filosófica está ligada à honestidade intelectual, honestidade para com seu interlocutor e honestidade para com o conhecimento. Essa é a moral da Filosofia. Vamos analisar as proposições de Hepburn :

1. Honestidade e equidade para com os oponentes na argumentação: é argumentar usando os princípios da lógica. Não cometer falácias, sofismas, paradoxos e disparates.

No link a seguir, um ótimo artigo falando sobre argumentação, de Carlos Ceia > argumentação.

Recomendo essa leitura...

Falácia : É um mau raciocínio, um raciocínio errado. Pode não ser intencional, mas ocorre na maioria dos argumentos que encontramos no Orkut. Uma falácia pode partir de premissas verdadeiras, porém sua conclusão é um erro. Um exemplo :

Premissa 1 : todos os leões rugem
Premissa 2 : todo leão é um animal
Conclusão : todos os animais rugem

Essa é uma falácia de generalização. Duas premissas verdadeiras cuja conclusão é um erro.

Uma falácia recorrente é a falácia ad hominem que é o ataque pessoal ao seu interlocutor ao invés de atacar o argumento. É uma falácia que visa fugir do assunto proposto e em geral é feita quando o falacioso percebe que seus argumentos foram refutados ou quando ele não tem argumentos para refutar os do seu interlocutor. É uma tentativa de desqualificar o interlocutor, desviando o argumento para o lado pessoal, citando exemplos da sua vida, ou coisas que fez ou escreveu fora do assunto em questão. Além disso é uma covardia e desqualifica o próprio atacante.

Nesses sites podemos estudar vários tipos de falácias afim de não comete-las com propósitos éticos na filosofia :

Sociedade Terra Redonda - Falácias
Wikipédia - Falácias
Crítica na Rede - Falácias

Bom seria se todos pudessem ler e se atualizar sobre isso.

Sofisma : É um raciocínio capcioso, isto é, sua intenção é induzir ao erro deliberadamente. A intenção do sofisma é dissimular uma verdade, levar o interlocutor a um erro conclusivo e com isso adquirir uma vantagem de forma desonesta em um debate. Sofismas podem ser feito com a deturpação do que é dito, mudando o que o interlocutor quis dizer de forma desonesta para que a platéia fique do lado do sofismador. O sofismador ainda tem mania de cometer a falácia “ad hominem” acusando os outros de sofismadores sem contudo provar o que diz. Cuidado, fiquem atentos a esses elementos.

Sugestão de leitura :

Wikipédia - Sofisma
Wikitionary - Sofisma

2. Uma capacidade para tolerar uma incerteza prolongada quanto a questões sérias : É ético, filosoficamente, tolerar o máximo possível a incerteza. Fugir das verdades absolutas, incontestáveis e questionar tudo, ser cético por natureza. Não um cético que duvida por duvidar, mas um cético que duvida para investigar, aprender, saber, conhecer. Não pode precipitar-se, deixar-se vencer pelo cansaço. Há de se analisar vários ângulos e quantas variáveis forem necessárias. A incerteza ronda o filósofo a todo instante. Podemos pensar heterodoxamente ou ortodoxamente, mas o importante é cercar essas Doxas (opiniões) de argumentos sólidos, sedimentados e coerentes depois das duvidas e incertezas que cercaram a análise. E se não tiver, continue com a dúvida, é ético filosoficamente essa tolerância.

3. Força de caráter para mudar as nossas idéias quanto a crenças básicas, e para seguir a argumentação e não as nossas inclinações emocionais: Estar pronto para mudar. Aceitar o que é logicamente provável, mesmo que o item 2 lhe imponha um tempo maior para isso. Essa força de caráter é a humildade que eticamente faz parte da filosofia. É reciclar-se, é estar pronto a despir-se de crenças arraigadas em favor da razão, é deixar o subjetivo em seu lugar e se tornar objetivo, focado, concentrado e firme.

4. Independência mental em vez da disposição para seguir as modas filosóficas: complementa o item 3. Ao mesmo tempo que é ético filosoficamente, estar pronto para mudar e reformular suas convicções, é ético filosoficamente ter uma independência mental que o impeça de seguir modismos ideológicos. Ético é ter bom senso, portanto.

Reflitamos sobre isso. É importante que nos coloquemos sempre no lugar do outro ao conversarmos, discutimos ou ao entrarmos num debate. Que o debate seja de idéias, não sobre pessoas, e que o conhecimento e o esclarecimento sejam sempre a tônica deles.

Notas:

1 – O texto de Hepburn que retirei a frase pode ser lido na Crítica, no endereço: A ética da prática filosófica.

2 comentários:

Eclipse Mental disse...

Muito bom os esclarecimentos sobre lógica, pra quem tem certa aversão a ela como eu, será de grande valia...rsss.
Seu blog está perfeito: elucidativo, porém, despretensiso. Te desejo sucesso, vc merece mon ami...Um abraço!

Gilberto Miranda Jr. disse...

Obrigado. Lógica não precisa ser encarada como um calhamaço de regras rígidas que embotam um discurso, mas algumas convenções necessárias para o bom entendimento. Nada, em momento algum, irá substituir a honestidade intelectual e a procura de coerência dos interlocutores, não é ? Agradeço muito a visita e sua contribuição, mon ami.

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