Um pequeno estudo sobre ética filosófica baseada numa frase de Hepburn para reflexão :
”A prática filosófica faz exigência morais extenuantes: honestidade e equidade para com os oponentes na argumentação; uma capacidade para tolerar uma incerteza prolongada quanto a questões sérias; a força de caráter para mudar as nossas idéias quanto a crenças básicas, e para seguir a argumentação e não as nossas inclinações emocionais; independência mental em vez da disposição para seguir as modas filosóficas.” ¹
Nós que convivemos com pensamentos diferentes; no Orkut, na vida, na faculdade e no trabalho, seria de se esperar que ao nos expressarmos ficasse claro nossas intenções, através de uma prática que denotasse uma preocupação ética no ato de filosofar. A ética filosófica está ligada à honestidade intelectual, honestidade para com seu interlocutor e honestidade para com o conhecimento. Essa é a moral da Filosofia. Vamos analisar as proposições de Hepburn :
1. Honestidade e equidade para com os oponentes na argumentação: é argumentar usando os princípios da lógica. Não cometer falácias, sofismas, paradoxos e disparates.
No link a seguir, um ótimo artigo falando sobre argumentação, de Carlos Ceia > argumentação.
Recomendo essa leitura...
Falácia : É um mau raciocínio, um raciocínio errado. Pode não ser intencional, mas ocorre na maioria dos argumentos que encontramos no Orkut. Uma falácia pode partir de premissas verdadeiras, porém sua conclusão é um erro. Um exemplo :
Premissa 1 : todos os leões rugem
Premissa 2 : todo leão é um animal
Conclusão : todos os animais rugem
Essa é uma falácia de generalização. Duas premissas verdadeiras cuja conclusão é um erro.
Uma falácia recorrente é a falácia ad hominem que é o ataque pessoal ao seu interlocutor ao invés de atacar o argumento. É uma falácia que visa fugir do assunto proposto e em geral é feita quando o falacioso percebe que seus argumentos foram refutados ou quando ele não tem argumentos para refutar os do seu interlocutor. É uma tentativa de desqualificar o interlocutor, desviando o argumento para o lado pessoal, citando exemplos da sua vida, ou coisas que fez ou escreveu fora do assunto em questão. Além disso é uma covardia e desqualifica o próprio atacante.
Nesses sites podemos estudar vários tipos de falácias afim de não comete-las com propósitos éticos na filosofia :
Sociedade Terra Redonda - Falácias
Wikipédia - Falácias
Crítica na Rede - Falácias
Bom seria se todos pudessem ler e se atualizar sobre isso.
Sofisma : É um raciocínio capcioso, isto é, sua intenção é induzir ao erro deliberadamente. A intenção do sofisma é dissimular uma verdade, levar o interlocutor a um erro conclusivo e com isso adquirir uma vantagem de forma desonesta em um debate. Sofismas podem ser feito com a deturpação do que é dito, mudando o que o interlocutor quis dizer de forma desonesta para que a platéia fique do lado do sofismador. O sofismador ainda tem mania de cometer a falácia “ad hominem” acusando os outros de sofismadores sem contudo provar o que diz. Cuidado, fiquem atentos a esses elementos.
Sugestão de leitura :
Wikipédia - Sofisma
Wikitionary - Sofisma
2. Uma capacidade para tolerar uma incerteza prolongada quanto a questões sérias : É ético, filosoficamente, tolerar o máximo possível a incerteza. Fugir das verdades absolutas, incontestáveis e questionar tudo, ser cético por natureza. Não um cético que duvida por duvidar, mas um cético que duvida para investigar, aprender, saber, conhecer. Não pode precipitar-se, deixar-se vencer pelo cansaço. Há de se analisar vários ângulos e quantas variáveis forem necessárias. A incerteza ronda o filósofo a todo instante. Podemos pensar heterodoxamente ou ortodoxamente, mas o importante é cercar essas Doxas (opiniões) de argumentos sólidos, sedimentados e coerentes depois das duvidas e incertezas que cercaram a análise. E se não tiver, continue com a dúvida, é ético filosoficamente essa tolerância.
3. Força de caráter para mudar as nossas idéias quanto a crenças básicas, e para seguir a argumentação e não as nossas inclinações emocionais: Estar pronto para mudar. Aceitar o que é logicamente provável, mesmo que o item 2 lhe imponha um tempo maior para isso. Essa força de caráter é a humildade que eticamente faz parte da filosofia. É reciclar-se, é estar pronto a despir-se de crenças arraigadas em favor da razão, é deixar o subjetivo em seu lugar e se tornar objetivo, focado, concentrado e firme.
4. Independência mental em vez da disposição para seguir as modas filosóficas: complementa o item 3. Ao mesmo tempo que é ético filosoficamente, estar pronto para mudar e reformular suas convicções, é ético filosoficamente ter uma independência mental que o impeça de seguir modismos ideológicos. Ético é ter bom senso, portanto.
Reflitamos sobre isso. É importante que nos coloquemos sempre no lugar do outro ao conversarmos, discutimos ou ao entrarmos num debate. Que o debate seja de idéias, não sobre pessoas, e que o conhecimento e o esclarecimento sejam sempre a tônica deles.
Notas:
1 – O texto de Hepburn que retirei a frase pode ser lido na Crítica, no endereço: A ética da prática filosófica.
2 comentários:
Muito bom os esclarecimentos sobre lógica, pra quem tem certa aversão a ela como eu, será de grande valia...rsss.
Seu blog está perfeito: elucidativo, porém, despretensiso. Te desejo sucesso, vc merece mon ami...Um abraço!
Obrigado. Lógica não precisa ser encarada como um calhamaço de regras rígidas que embotam um discurso, mas algumas convenções necessárias para o bom entendimento. Nada, em momento algum, irá substituir a honestidade intelectual e a procura de coerência dos interlocutores, não é ? Agradeço muito a visita e sua contribuição, mon ami.
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